“Vida de pobre é sempre assim”
Um dia como tantos outros...
pensei ao acordar. O relógio dava 05h30min. Confesso, não levantei muito
animado já que o dia não prometia nada de interessante. No ponto, esperando o caminhão, que se atrasara devido a algum infortúnio do
motorista, deixava minha mente vagar. O som dentro do carro vinha do mesmo CD e
tocava as mesmas músicas de todos os dias. Músicas antigas, tristes e
melancólicas. Combinavam com o dia.
Quando me toquei estávamos
passando em frente a alguns colegas, também colhedores de cenoura, e um amigo
disse: “ Vida de pobre é sempre assim”. O caminhão para. E nossos sonhos,
nossos desejos mergulham naquele tapete verde a sumir de vista. E eu mergulhei junto.
Quando percebi me chamavam para partir. Já passava das nove da noite. O tempo
realmente perde seu guardião quando estamos embrenhados em nosso interior. “Mais
um dia vencido”, meu inconsciente teimava em me parabenizar por uma conquista
que pra mim era normal.
Meu corpo só desejava descansar para no outro dia vivenciar tudo de
novo. Como num flash back de algum drama. Antes mesmo que pudesse ser
arrebatado pela deusa dos sonhos, meu pai me acorda. De súbito pensei, não
podia ter amanhecido ainda, o cansaço ainda gritava em mim. O caminhão
carregado de cenoura havia caído num enorme buraco e eu teria que ajudar a
tirá-lo de lá. Já passava da meia noite quando acabamos a enorme façanha e na
volta pra casa, uma frase teimava em povoar meus pensamentos: “Vida de pobre é
sempre assim”.
Projeto: Cronicando
Realizado pela professora Izabel Cristina Ribeiro Rodrigues com alunos do 3º ano do Esnino Médio
E.E. Pe Sinfronio Bahia- 2º endereço da
E.E. Cel Oscar Prados
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